O ESPIRITISMO E A VIDA EM
EM MARTE
(Um texto resumido deste foi publicado na RIE de março de 2016)
Após recebermos as imagens de Marte (1) e
verificarmos a aparente ausência de vida inteligente, provavelmente virão à
mente dos espíritas ou de seus opositores as descrições mediúnicas feitas de
populações pouco evoluídas (2) neste planeta ou mais avançadas (3). Esta
contradição, entre deserto e civilização, pode levar alguém a pensar em um
duplo fracasso da Doutrina Espírita: nem inferior nem superior. Mas será que
isto é verdade?
Para elucidarmos o assunto, devemos
saber que o Espiritismo (Obras Básicas) revela que há diferentes níveis de
materialidade, onde a natureza e uma civilização encarnada possam existir
invisíveis aos nossos olhos, sem estarmos falando neste momento das dimensões
espirituais do após morte. Para darmos sustentação à tese apresentada
verificamos que o próprio corpo físico se torna menos material conforme o mundo
seja intelectual e principalmente moralmente mais avançado. Vejamos o que
encontramos no Livro dos Espíritos na
questão 181: “Os
seres que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos? Sem dúvida que têm corpos, porque é
necessário que o Espírito se revista de matéria para agir sobre ela; mas esse
envoltório é mais ou menos material (4) segundo o grau de pureza a que chegaram os
Espíritos...”. Na questão 985: “... à medida que os Espíritos se purificam
vão-se encarnando (5) em mundos mais
e mais perfeitos, até que se
tenham despojado de toda a matéria...” e no livro O Evangelho
Segundo o Espiritismo, no capítulo Há Muitas Moradas na Casa do Meu Pai,
comentando sobre os mundos de regeneração: “Neles,
todavia, não está ainda a felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade. O homem aí é ainda carne e, por isso
mesmo, sujeito às vicissitudes de que não estão isentos senão os seres
completamente desmaterializados...”. Notamos o significativo “ainda”, sugerindo
claramente que a vida corpórea, em planetas mais evoluídos não seria de carne,
tendo assim, outra materialidade sutil e etérea. Verificamos que há uma escala
progressiva do material para o menos material até chegarmos a um ponto onde até
o corpo físico não seja necessário, apenas o perispírito e mesmo este se
tornaria tão etéreo que é como se não existisse, é o que lemos na questão 186 do
Livro dos Espíritos: “Há mundos onde o Espírito, deixando de viver num corpo
material, só tem por envoltório o perispírito? Sim, e esse envoltório torna-se de tal maneira etéreo, que para vós é
como se não existisse. Eis então o estado dos Espíritos puros”. Percebemos
um amplo apoio doutrinário a ideia de populações encarnadas mais sutis do que a
nossa e por isto longe está este apoio, de ser um argumento para tentar “salvar
do descrédito” as descrições mediúnicas de civilizações etéreas em Marte.
Contribuindo também para a ideia
de mundos com habitantes encarnados em corpos mais sutis, temos a literatura
mediúnica de Chico Xavier, onde através dos livros Cartas de uma Morta e Novas
Mensagens ficamos sabendo que os habitantes de Marte podem voar (6) se comunicar
pelo pensamento (7) e se alimentar pelas forças atmosféricas (8). Ora, é fácil
entendermos que somente um corpo sutil e etéreo e possivelmente invisível para
nós, poderia produzir estes fenômenos. E para quem acha estas descrições fantasiosas
(9), lembramos o que está escrito na questão 223 do Livro dos Espíritos,
tratando de mundos superiores: “A matéria
corpórea sendo menos grosseira, o espírito encarnado goza de quase todas as faculdades do Espírito”, nada de
estranho, portanto, volitar e entender-se pelo pensamento. Quanto a alimentação
pelas forças atmosféricas é bom lembrarmos também a compatibilidade com o
pensamento de Kardec nos comentários da questão 182 do Livro dos Espíritos,
sobre mundos mais adiantados: “...suas necessidades físicas são menos grosseiras,
os seres vivos não têm mais necessidade de se destruírem para se alimentar”. Além
disso, os livros Cartas de uma Morta (10) e Novas Mensagens (11) revelam o
nível moral dos habitantes de Marte sendo superior a de um planeta de
regeneração, logo, outra vez, a indicação que seus corpos não seriam mais de carne
e sim de uma materialidade mais sutil do que a nossa. Desta maneira, cai por terra também a
acusação que os espíritos Maria João de Deus e Humberto de Campos, não tenham
dito que os marcianos seriam invisíveis, e que isto causou um excesso de
expectativa dos marcianos aparecerem com a sonda Curiosity. Porém, o espírita
estudioso que leu as obras de Chico Xavier com atenção, concluirá facilmente
tratar-se de populações em corpos sutis, etéreos e possivelmente invisíveis.
Se admitirmos possível a
existência de seres encarnados em corpos mais desmaterializados, por
conseguinte, suporíamos que a realidade ou parte dela, que estivesse envolvendo
esta civilização, também teria um nível de materialidade correspondente,
seguindo a lógica da Natureza e do Livro dos Espíritos: “As condições de existência dos seres nos diferentes mundos devem ser
apropriadas ao meio em que têm de viver” (12) em outras palavras, sabendo
como é a natureza de um corpo isto nos ajudaria a pensar como seria o meio onde
habita e vice e versa (13). Assim, um corpo mais desmaterializado reclamaria
uma realidade circundante de igual natureza, entretanto, isto não revela a
necessidade do Planeta Marte ou outro, seja inteiro de matéria etérea e
invisível, da mesma forma que os peixes não precisam que o Planeta Terra seja
completamente água para existirem (14). É desta maneira, por exemplo, que no
livro Cartas de uma Morta temos a descrição de um mar fluídico em Saturno sem
que o planeta todo seja desta natureza: “Locomovemo-nos em determinada direção e qual não foi o
meu espanto ao deparar com grande massa de substância fluídica, um pouco semelhante à água levemente rosada, elucidando o
meu prezado mentor tratar-se dos mares (15)
saturninos”. Este pequeno trecho ensina também duas coisas
importantes ao leitor. Primeiro: O mar é fluídico, portanto invisível e etéreo,
desta forma, as sondas terráqueas que porventura lá se aproximarem muito
provavelmente não o registrarão. Segundo: Se existe um mar fluídico é porque
podem existir outros elementos também etéreos, como vegetação, animais, nuvens
e atmosfera já que na natureza nada permanece estacionário: “Marcham assim, paralelamente, o progresso
do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada em a Natureza permanece
estacionário” (16).
Fica claro, até
aqui, a constatação, através da Doutrina Espírita, de outros níveis de
materialidade (17) além daqueles que conhecemos, porém, é importantíssimo saber
que os próprios Espíritos da Codificação na questão 182 do Livro dos Espíritos,
não desejaram entrar em detalhes de como seria a constituição física e moral destes
mundos: “Nós, Espíritos, só
podemos responder de acordo com o grau de adiantamento em que vos achais. Quer
dizer que não devemos revelar estas coisas a todos, porque nem todos estão em
estado de compreendê-las e semelhante
revelação os perturbaria”. Desta
maneira, começamos a compreender o motivo pelo qual Kardec usou o verbo (seria
ou estaria conforme a tradução), nos comentários a questão 188 do Livro dos
Espíritos (18), ou seja, no futuro do pretérito, indicando um fato hipotético, quando
fala dos habitantes de Marte sendo inferiores aos da Terra. Começa ficar claro
também o porquê de Kardec classificar como probabilidades ou hipótese e não
como Verdade todo o conteúdo das comunicações que tratavam na sua época (19) da
descrição da vida em outros mundos: “Para nós, que temos testemunhado essas comunicações
centenas de vezes, que as temos apreciado em seus mínimos detalhes, que lhes
investigamos os pontos fracos e fortes, que observamos as similitudes e as contradições, nelas encontramos
todos os caracteres da probabilidade;
contudo, não as damos senão como inventário e a título de ensinamentos, de que cada um será livre para dar a
importância que julgar conveniente” (20).
Ora, se os Espíritos da Codificação não entraram em detalhes sobre a vida em
outros mundos, Kardec sabiamente não julgou nem como falsas, nem como
verdadeiras as informações (21) sobre a vida em Júpiter, Marte ou Vênus
encontradas na Revista Espírita (22) lhes dando apenas o caráter de prováveis
ou hipotéticas, sem terem a posição de Verdade. Desta forma, não podemos afirmar que o
Espiritismo falhou quando a sonda Curiosity pousou em Marte e não encontrou
populações inferiores à Terra. O que provavelmente está errada é a veracidade
de determinadas comunicações mediúnicas, não a Doutrina Espírita, que atestam a
inferioridade marciana como a do espírito Geores na Revista Espírita de outubro
de 1860, mas isto não é motivo de espanto já que o próprio Kardec encontrou
contradições entre centenas de comunicações (23) a respeito, nada mais natural
que algumas delas não fossem completamente verdadeiras. Já sobre as obras de
Chico Xavier, nós já vimos que através de uma leitura atenta, que tudo caminha
do sentido de serem os marcianos mais evoluídos em todos os aspectos
consequentemente, sendo menos materiais, não é estranho não podermos
identificá-los nas imagens das nossas lentes. Deste modo não podemos dizer que as
obras de Chico falharam muito menos a Doutrina Espírita através delas.
Podemos afirmar sem medo de errar que o pano
de fundo da maioria das críticas ao Espiritismo não é a busca pela verdade e
sim a defesa feroz de uma visão de mundo onde as idéias espíritas não são bem
vindas. Por isto, os que combatem o Espiritismo, por exemplo, usam da meia
verdade, alardeiam contradições inexistentes, concluem erradamente, fazem
generalizações falsas, trocam palavras dos textos originais por outras,
caluniam, arrotam que sabem muito de Espiritismo, mas não sabem, usam da
ironia, do sarcasmo e de insinuações maliciosas. Neste contexto, a questão da vida
em Marte pareceu ser aos críticos do Espiritismo uma ótima oportunidade para
atacar a Doutrina, gritando aos quatro ventos aquilo que seria uma profunda contradição:
as fotos de Marte e as descrições mediúnicas e a consequente “prova” do
fracasso da Doutrina Espírita. Entretanto, revelamos ao leitor que o verdadeiro
fracasso não está na Doutrina Espírita, mas sim nesses argumentos de ataque que
se alimentam de analises superficiais. A verdade é que, às imagens de Marte
trazidas pelas sondas, robôs ou telescópios não tem o poder para desacreditar
ou contradizer a Doutrina Espírita já que estas máquinas foram criadas apenas
para ver elementos com a mesma materialidade do Planeta Terra e não a imensa
diversidade de vida que pulsa em outros níveis de existência. Lembrando o Livro
dos Espíritos na questão 55: São habitados todos os globos que se
movem no Espaço? E a resposta foi Sim.
(1)
Este texto parte do
pressuposto que a NASA não está escondendo nada do público.
(2)
Nos comentários de
Kardec na questão 188 do Livro dos Espíritos: “De todos os globos que
constituem o nosso sistema planetário, segundo os Espíritos, a Terra é daqueles
cujos habitantes são menos adiantados, física e moralmente: Marte lhe seria ainda inferior...”.
(3)
Nos livros Cartas de uma
Morta pelo espírito Maria João de Deus e Novas Mensagens pelo espírito Humberto
de Campos, ambos psicografados por Chico Xavier ou também no livro Urânia de
Camille Flammarion.
(4)
Todos os grifos são
meus.
(5)
Acreditar que a
encarnação nos diferentes mundos somente seja possível no mesmo nível da
materialidade terrena é o mesmo do que acreditar que no Universo inteiro
somente a Terra tenha vida.
(6)
No
livro Cartas de uma Morta: “... ligeiras protuberâncias a guisa de asas que
lhes prodigalizavam interessantes faculdades volitivas”.
(7)
No
livro Novas Mensagens: “... entendendo perfeitamente as ideias dos estudiosos
que as expunham através da linguagem universal do pensamento”.
(8)
No
livro Novas Mensagens: “... o problema da alimentação essencial, através das
forças atmosféricas, já foi resolvido, sendo dispensável aos seus habitantes
felizes a ingestão das vísceras cadavéricas dos seus irmãos inferiores...”.
(9)
Se
descrevêssemos na Idade Média, um mundo com a presença da matéria e energias
escuras, descobertas pela Ciência atual, este mundo seria, quem sabe,
fantasioso demais para ser verdade.
(10)
No livro Cartas de uma Morta no item Grande
Espiritualidade: “A vibração de paz e de
harmonia que ali se experimenta, irradiam aos corações, felicidades nunca
sonhadas na Terra. A mais profunda espiritualidade caracteriza essa humanidade,
rica de amor fraterno e respeito ao Criador”.
(11)
No livro Novas
Mensagens no capítulo Marte: “Não conhecem os fenômenos da guerra e qualquer flagelo
social, seria entre eles, um acontecimento inacreditável”.
(12)
Nos comentários a
questão 58 do Livro dos Espíritos.
(13)
No livro Urânia na
terceira parte item 03, encontramos a seguinte passagem sobre as habitações de
Marte: “Vivemos principalmente na atmosfera e não temos habitações de pedra, de
ferro e de madeira” sugerindo ao leitor outro tipo de materialidade.
(14)
Não sabermos as causas
profundas que determinam uma civilização sutil utilizar um planeta material, da
mesma forma não sabemos o porquê dos espíritos errantes se utilizarem de
planetas bem materiais para habitação temporária, o fato é que não sabemos
muito menos os críticos do Espiritismo, todas as Leis da Natureza que regem as
interações entre os diversos níveis do real.
(15)
Existe também a indicação de um mar em Marte
no livro Cartas de uma Morta tendo uma natureza menos densa. Isto indicaria a
possibilidade do deste mar ser igualmente fluídico: “Vi oceanos, apesar da água
se me afigurar menos densa...”.
(16)
Evangelho Segundo o
Espiritismo em Progressão dos Mundos no capítulo Há Muitas Moradas na casa de
Meu Pai.
(17)
Segundo a questão 22 do
Livro dos Espíritos: “Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser,
por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos sentidos.
Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não seria”.
(18)
Ver item 02.
(19)
Sobre a descrição de
Vênus na Revista Espírita de outubro de 1862, ditado pelo espírito Georges, Kardec
escreve: “Por certo esta descrição de Vênus não tem nenhum dos caracteres de
autenticidade absoluta; assim só a damos a título hipotético”.
(20)
Texto extraído da Revista Espírita de março de
1858 em Júpiter e alguns outros mundos.
(21)
O fato dos Espíritos não
entrarem em detalhes sobre o estado físico e moral dos diferentes mundos na
questão 182 do Livro dos Espíritos, não impediu de Kardec receber através dos
médiuns, mensagens mediúnicas relatando detalhes destes mundos. Isto não é
nenhuma contradição, pois sempre teremos espíritos dispostos a falar sobre
tudo, importa sabermos através da análise criteriosa, se a mensagem é falsa,
verdadeira ou hipotética.
(22)
A Revista Espírita foi
uma publicação mensal sob a direção de Allan Kardec entre os anos 1858 e 1869
(23)
A análise de centenas de
comunicações revela o caráter investigativo de Kardec.
Fausto Fabiano da Silva
BIBLIOGRAFIA
KARDEC, Allan. O Livro dos
Espíritos. 67 ed. São Paulo:
Ed. Lake, 2007.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 260
ed. Araras: Ed. IDE.
KARDEC,
Allan. Revista Espírita. Março de 1858, Araras, SP: Ed. IDE, 2001.
KARDEC, Allan. Revista Espírita. Outubro de 1860,
Araras, SP: Ed. IDE, 1993.
KARDEC, Allan. Revista Espírita. Agosto de 1862,
Araras, SP: Ed. IDE, 1993.
XAVIER, Francisco Cândido. Cartas de Uma Morta. 11ed. São Paulo:
Ed. Lake,1990.
XAVIER, Francisco Cândido. Novas Mensagens. 6 ed. Rio de Janeiro:
Ed. FEB, 1978.
CAMILLE, Flammarion. Urânia.Trad.
de Almerindo Martins de Castro. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
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ResponderExcluirCaro amigo, permita-me dizer-lhe que se tivermos um pouquinho mais de atenção no estudo dos livros da Codificação, podemos constatar que, segundo respostas dos Mentores Espirituais que atenderam ao chamado do grupo de trabalho de Allan Kardec, a existência de vida em outros planetas é vida física como a conhecemos. Isso é deixado com muita clareza e está lá para quem quiser ver.
ResponderExcluirPeço licença para apresentar-lhe um blog com um conteúdo de trabalho meu de muitos anos, no qual esta verdade é demonstrada. Confira_____ https://martehabitado.blogspot.com.br
Saudações fraternas.
Sergio Crancio