SEXO
E OBSESSÃO
(Publicado
na Revista Internacional de Espiritismo
em set. de 2012)
A Doutrina Espírita nos dá conta que
a obsessão, “... é,
o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é
praticada senão pelos Espíritos inferiores...” (1). Esta realidade,
não podia ser diferente, já que o mundo dos encarnados está rodeado de
espíritos na sua maior parte, impregnados ainda, das mais variadas mazelas
morais. É toda uma população espiritual
que potencialmente pode nos influenciar negativamente, e quando isto acontece “é-lhes
um gozo ver-nos sucumbir e assemelhar-nos a eles. (2)
Esta influência
dos maus é muito conhecida na obsessão por vingança trazida normalmente de
outras experiências reencarnatórias, mas nem sempre há um motivo mais profundo,
e o assédio pode acontecer simplesmente porque o espírito é mau. Por exemplo, no
Livro dos Médiuns o espírito obsessor diz: Eu procurava
um homem que me fosse possível manejar; encontrei-o, não o largo. (3)
Há também outra causa, para o
assédio do mundo inferior à mente incauta e não vigilante dos humanos: o vampirismo
espiritual. O espírito vampiro é aquele que deseja viver como se encarnado
estivesse, procurando absorver dos humanos, as mesmas sensações de quando
estava no corpo físico. Desta maneira, se o espírito era fumante ou alcoólatra,
se une a um encarnado nas mesmas condições, para tentar outra vez usufruir seu
vício, através da união fluídica entre ambos. Sobre isto é reveladora esta frase encontrada no livro, O
Céu e o Inferno de Kardec: “atiram-se para a Terra quais abutres famintos, procurando
entre os homens uma alma que lhes dê fácil acesso às tentações”. (4)
José Herculano Pires, sobre o
vampirismo explica: “Essa perigosa
sociedade se prolonga às vezes por toda uma vida (...). O comportamento humano
é assim afetado e modificado pelas influências vampirescas geralmente
imperceptíveis para a vítima.” (5)
Um
exemplo desta simbiose espiritual encontra-se no livro Sexo e Destino, onde
encontramos um trecho em que o espírito obsessor diz a sua vítima: “Beber, meu caro, quero beber!” logo
adiante André Luiz escreve: “Cláudio
abrigou a sugestão, convicto de que se inclinava para um trago de uísque
exclusivamente por si.” E mais adiante este trecho: “O amigo sagaz percebeu-lhe a adesão tácita e colou-se a ele. De começo, a carícia leve; depois da carícia
agasalhada, o abraço envolvente; e depois do abraço de profundidade, a
associação recíproca. Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia
fluídica.” (6)
O leitor
facilmente entenderá que da mesma maneira que o espírito vicioso sugere pelo
pensamento a degustação do álcool, assim é para o sexo. É interessante, neste
caso, outro trecho do livro Sexo e Destino onde Cláudio Nogueira se vê
envolvido por entidades obsessoras, vejamos como André Luiz descreve esta interação:
“Enrodilhavam-se os dois num charco
mental de lascívia, com tamanha sofreguidão, que não cabia ali, naquele vulcão
de apetites sexuais, a menor frincha pela qual se pudesse arremessar alguma
idéia de elevação” (7), e no livro, Missionários da Luz outra vez, o sexo
como ingrediente para o envolvimento infeliz com entidades sombrias revelada
nesta frase: “Casei-me há menos de oito
meses e, não obstante o devotamento de minha esposa, tenho o coração, por
vezes, repleto de tentações descabidas”
(8), sendo estas tentações, intensificadas
por dois espíritos, que segundo André Luiz, influenciavam certo rapaz,
espíritos estes, adquiridos em zonas de prostituição, o que nos leva a crer que
a vítima, neste caso, ou em muitos outros, não seja tão inocente assim.
É importante que
se diga da corresponsabilidade dos dois ou mais seres, tanto encarnados como
desencarnados naquilo que praticarem juntos. Cada um responderá na medida da
sua responsabilidade levando em conta seu discernimento sobre a gravidade dos
fatos. É assim que no Livro dos Espíritos encontramos: “Mas, a sua responsabilidade é proporcionada aos meios de que ele
dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus,
o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem
ignorante que se entrega aos seus instintos” (9). Desta forma, concluímos facilmente
que os espíritas são mais culpados pelo deslize na área sexual que porventura
ocorra, do que aquele que, não tendo nenhuma noção das coisas espirituais caia
no mesmo erro, pois que aos espíritas, “muito será
pedido, porque muito hão recebido;” (10).
Os espíritos são
atraídos pela simpatia que despertam um nos outros, desta forma, a elevação dos
espíritos que permanecem ao nosso redor, depende na maior parte das vezes, de
nossos pensamentos que acabam refletindo aquilo que somos. Assim, se para as
coisas do sexo, somos não vigilantes, e se entregamos ao domínio das sensações,
encontraremos sem dúvida seres espirituais que vão gostar de conviver conosco,
por nos compartilhar as fraquezas, ou porque nos querem destruir e envergonhar.
Desta forma, muitos encarnados se vêem, aos poucos, enlameados em charcos de
podridão moral expressos na pedofilia, no estupro, ou em outras tantas
perturbações sexuais. É por isto que no
Livro dos Espíritos encontramos: “Aquele
que se deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na
satisfação dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espíritos impuros, dando
preponderância à sua natureza animal” (11).
No mundo contemporâneo, no
contexto da queda do homem pelo sexo, soma-se a sua fraqueza crônica e a falta
de domínio sobre si mesmo, mais um elemento agravante e sem dúvida, facilitador
dos quadros obsessivos, que é o acesso cada vez mais rápido e fácil para
qualquer um, inclusive crianças, a qualquer tipo de informação. Na internet,
encontramos sites especializados em mediar adultérios, pela internet, podemos
infectar nossa mente pelo lixo tóxico da pornografia. Em salas de bate papo, as
conversas, compreendidas a princípio, como inofensivas, conduzem muitas pessoas
para a gradação: sexo virtual, por telefone e real, sem se darem conta de já
estarem envolvidas em secreta trama obsessiva, em que o sexo é, muitas vezes, apenas
um meio, para que os planos das entidades sombrias sejam realizados, ou seja,
casamentos desfeitos, escândalos de toda ordem que chegam até a respingar em instituições
respeitáveis. Porém, é importante que se diga que, não devemos crer, que a todo
instante, estamos sendo vítimas de obsessores, esquecendo que agimos muitas
vezes inteiramente por conta própria. Entretanto, subestimar a ação dos
espíritos, acreditando que as obsessões são apenas histórias encontradas em
livros, ou que estas nunca acontecerão conosco, ou ainda, viver como se os
espíritos não existissem , é um erro grave, pois “Os Espíritos maus são inimigos invisíveis tanto mais perigosos quanto não
se suspeita de sua ação”. (12)
A existência da obsessão é própria
dos mundos onde há predominância do mal, como é o caso da Terra, mas há de
desaparecer com a evolução intelecto/moral do homem. Mas enquanto isto não
acontece, e para nos prevenir das obsessões e contarmos com a ajuda dos
espíritos bons, vale à pena lembrarmos as palavras simples, profundamente
significativas e atuais, daquele que nasceu para ser o farol do mundo, Jesus: "Vigiai
e orai, para que não entreis em tentação”. (13)
Fausto
Fabiano da Silva
REFERÊNCIA
(1) e
(3) Allan Kardec, Livro dos Médiuns, Cap. XXIII, Da Obsessão.
(2) e
(9) Allan Kardec, Livro dos Espíritos, Introdução/ questão 637.
(4) Allan
Kardec, O Céu e o Inferno, Cap.IV, Espíritos Sofredores.
(5)
Livro de José Herculano Pires, Vampirismo.
(6) e
(7) Livro psicografado por Chico Xavier, Sexo e Destino.
(8) Livro
psicografado por Chico Xavier, Missionários da Luz.
(10) Allan Kardec, O Evangelho Segundo o
Espiritismo, Cap. XVIII,
Muito se pedirá aquele que muito
recebeu.
(11)
idem ao item (2)
(12) Allan Kardec, Revista Espírita de
dezembro de 1862, Estudos sobre os
Possessos de Morzine.
(13)
Evangelho de Mateus 26:41
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