sábado, 5 de abril de 2014

Sexo e Obsessão



                                                             SEXO
                                                       E OBSESSÃO


                                                     (Publicado na Revista Internacional de Espiritismo  em set. de 2012)

                    A Doutrina Espírita nos dá conta que a obsessão, “... é, o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores...” (1).  Esta realidade, não podia ser diferente, já que o mundo dos encarnados está rodeado de espíritos na sua maior parte, impregnados ainda, das mais variadas mazelas morais.  É toda uma população espiritual que potencialmente pode nos influenciar negativamente, e quando isto acontece é-lhes um gozo ver-nos sucumbir e assemelhar-nos a eles. (2)
                  Esta influência dos maus é muito conhecida na obsessão por vingança trazida normalmente de outras experiências reencarnatórias, mas nem sempre há um motivo mais profundo, e o assédio pode acontecer simplesmente porque o espírito é mau. Por exemplo, no Livro dos Médiuns o espírito obsessor diz: Eu procurava um homem que me fosse possível manejar; encontrei-o, não o largo. (3)
                  Há também outra causa, para o assédio do mundo inferior à mente incauta e não vigilante dos humanos: o vampirismo espiritual. O espírito vampiro é aquele que deseja viver como se encarnado estivesse, procurando absorver dos humanos, as mesmas sensações de quando estava no corpo físico. Desta maneira, se o espírito era fumante ou alcoólatra, se une a um encarnado nas mesmas condições, para tentar outra vez usufruir seu vício, através da união fluídica entre ambos. Sobre isto é reveladora esta frase encontrada no livro, O Céu e o Inferno de Kardec: “atiram-se para a Terra quais abutres famintos, procurando entre os homens uma alma que lhes dê fácil acesso às tentações”. (4)
                  José Herculano Pires, sobre o vampirismo explica: “Essa perigosa sociedade se prolonga às vezes por toda uma vida (...). O comportamento humano é assim afetado e modificado pelas influências vampirescas geralmente imperceptíveis para a vítima.” (5)
                   Um exemplo desta simbiose espiritual encontra-se no livro Sexo e Destino, onde encontramos um trecho em que o espírito obsessor diz a sua vítima: “Beber, meu caro, quero beber!” logo adiante André Luiz escreve: “Cláudio abrigou a sugestão, convicto de que se inclinava para um trago de uísque exclusivamente por si.” E mais adiante este trecho: “O amigo sagaz percebeu-lhe a adesão tácita e colou-se a ele. De começo, a carícia leve; depois da carícia agasalhada, o abraço envolvente; e depois do abraço de profundidade, a associação recíproca. Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica.” (6)
                  O leitor facilmente entenderá que da mesma maneira que o espírito vicioso sugere pelo pensamento a degustação do álcool, assim é para o sexo. É interessante, neste caso, outro trecho do livro Sexo e Destino onde Cláudio Nogueira se vê envolvido por entidades obsessoras, vejamos como André Luiz descreve esta interação: “Enrodilhavam-se os dois num charco mental de lascívia, com tamanha sofreguidão, que não cabia ali, naquele vulcão de apetites sexuais, a menor frincha pela qual se pudesse arremessar alguma idéia de elevação” (7), e no livro, Missionários da Luz outra vez, o sexo como ingrediente para o envolvimento infeliz com entidades sombrias revelada nesta frase: “Casei-me há menos de oito meses e, não obstante o devotamento de minha esposa, tenho o coração, por vezes, repleto de tentações descabidas(8), sendo estas tentações, intensificadas por dois espíritos, que segundo André Luiz, influenciavam certo rapaz, espíritos estes, adquiridos em zonas de prostituição, o que nos leva a crer que a vítima, neste caso, ou em muitos outros, não seja tão inocente assim.
                  É importante que se diga da corresponsabilidade dos dois ou mais seres, tanto encarnados como desencarnados naquilo que praticarem juntos. Cada um responderá na medida da sua responsabilidade levando em conta seu discernimento sobre a gravidade dos fatos. É assim que no Livro dos Espíritos encontramos: “Mas, a sua responsabilidade é proporcionada aos meios de que ele dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos” (9). Desta forma, concluímos facilmente que os espíritas são mais culpados pelo deslize na área sexual que porventura ocorra, do que aquele que, não tendo nenhuma noção das coisas espirituais caia no mesmo erro, pois que aos espíritas, “muito será pedido, porque muito hão recebido;” (10).
                  Os espíritos são atraídos pela simpatia que despertam um nos outros, desta forma, a elevação dos espíritos que permanecem ao nosso redor, depende na maior parte das vezes, de nossos pensamentos que acabam refletindo aquilo que somos. Assim, se para as coisas do sexo, somos não vigilantes, e se entregamos ao domínio das sensações, encontraremos sem dúvida seres espirituais que vão gostar de conviver conosco, por nos compartilhar as fraquezas, ou porque nos querem destruir e envergonhar. Desta forma, muitos encarnados se vêem, aos poucos, enlameados em charcos de podridão moral expressos na pedofilia, no estupro, ou em outras tantas perturbações sexuais.  É por isto que no Livro dos Espíritos encontramos: “Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espíritos impuros, dando preponderância à sua natureza animal” (11).
                 No mundo contemporâneo, no contexto da queda do homem pelo sexo, soma-se a sua fraqueza crônica e a falta de domínio sobre si mesmo, mais um elemento agravante e sem dúvida, facilitador dos quadros obsessivos, que é o acesso cada vez mais rápido e fácil para qualquer um, inclusive crianças, a qualquer tipo de informação. Na internet, encontramos sites especializados em mediar adultérios, pela internet, podemos infectar nossa mente pelo lixo tóxico da pornografia. Em salas de bate papo, as conversas, compreendidas a princípio, como inofensivas, conduzem muitas pessoas para a gradação: sexo virtual, por telefone e real, sem se darem conta de já estarem envolvidas em secreta trama obsessiva, em que o sexo é, muitas vezes, apenas um meio, para que os planos das entidades sombrias sejam realizados, ou seja, casamentos desfeitos, escândalos de toda ordem que chegam até a respingar em instituições respeitáveis. Porém, é importante que se diga que, não devemos crer, que a todo instante, estamos sendo vítimas de obsessores, esquecendo que agimos muitas vezes inteiramente por conta própria. Entretanto, subestimar a ação dos espíritos, acreditando que as obsessões são apenas histórias encontradas em livros, ou que estas nunca acontecerão conosco, ou ainda, viver como se os espíritos não existissem , é um erro grave, pois “Os Espíritos maus são inimigos invisíveis tanto mais perigosos quanto não se suspeita de sua ação”. (12)
                 A existência da obsessão é própria dos mundos onde há predominância do mal, como é o caso da Terra, mas há de desaparecer com a evolução intelecto/moral do homem. Mas enquanto isto não acontece, e para nos prevenir das obsessões e contarmos com a ajuda dos espíritos bons, vale à pena lembrarmos as palavras simples, profundamente significativas e atuais, daquele que nasceu para ser o farol do mundo, Jesus: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”. (13)  




Fausto Fabiano da Silva


REFERÊNCIA
(1) e (3) Allan Kardec, Livro dos Médiuns, Cap. XXIII, Da Obsessão.
(2) e (9) Allan Kardec, Livro dos Espíritos, Introdução/ questão 637.
(4) Allan Kardec, O Céu e o Inferno, Cap.IV, Espíritos Sofredores.
(5) Livro de José Herculano Pires, Vampirismo.
(6) e (7) Livro psicografado por Chico Xavier, Sexo e Destino.
(8) Livro psicografado por Chico Xavier, Missionários da Luz.
(10) Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVIII,
       Muito se pedirá aquele que muito recebeu.
(11) idem ao item (2)
(12) Allan Kardec, Revista Espírita de dezembro de 1862, Estudos sobre os
       Possessos de Morzine.
(13) Evangelho de Mateus 26:41






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