terça-feira, 27 de agosto de 2019

A INTERNET E A PORNOGRAFIA


A internet e a pornografia
(publicado na Revista Internacional de Espiritismo em agosto de 2019)


                  O acesso à pornografia, que se dá na maior parte das vezes, pela internet, guarda um problema moral. Ter a consciência deste problema é de fundamental importância para iniciarmos a reflexão sobre o tema.
                 Toda vez que apertamos a tecla “enter” em um vídeo pornográfico, normalmente abrimos um portal de sexo. Deste modo, é todo o conteúdo deste portal que estamos ajudando a manter. Porque, quanto mais acessos, maior é o sucesso do site, maior é a quantidade de propagandas, maior são os números de sites parceiros, maior é o número de novos vídeos a serem produzidos e anexados. Isto quer dizer que estamos participando e por sua vez adquirindo uma cota de responsabilidade (1), na divulgação de todos os vídeos, inclusive os que mostram práticas sexuais doentias, extremamente vulgares ou de profundo mau gosto. Pensemos.
                Outro problema na pornografia é de começar gostar de vídeos com temáticas bastante problemáticas ou imorais. Não podemos esquecer que somos espíritos herdeiros de outras reencarnações, de nosso passado. Assim, um bom número de pessoas tem desejos sexuais que precisam, para dizer o mínimo, de reeducação. Ninguém pediria para um alcoólatra se redimir em um bar. Ou de um viciado em drogas, largar o vício visitando zonas de consumo.  Da mesma forma, a exposição do indivíduo a determinadas imagens, ou vídeos degradantes encontrados na pornografia, podem ser verdadeiros estímulos para que o ser volte a práticas sexuais pretéritas menos dignas e com isto adie ainda mais sua evolução espiritual.
                    Outra questão é a obsessão espiritual de natureza sexual, que pode ser facilitada pela visão contínua deste tipo de conteúdo. Fiquemos atentos. Se ainda não deixamos a pornografia de lado é bom que a deixemos o quanto antes, principalmente quando certas coisas que eram repugnantes, de início, agora são familiares ou pior, desejáveis. Quando o tempo que passamos assistindo o conteúdo pornográfico aumenta consideravelmente com o passar dos dias. Quando o desejo de entrar em contato com a pornografia acaba sendo tão forte a ponto de atrapalhar os afazeres cotidianos ou profissionais. Ou ainda, quando a nossa razão procura tornar aceitáveis conteúdos imorais, como, por exemplo, a pedofilia, o incesto, o estupro, ou a zoofilia. Se não vigiarmos, tudo ficará mais complicado já nesta reencarnação ou nas subseqüentes, com o desenvolvimento de um psiquismo doentio na área sexual, juntamente com obsessões espirituais de difícil tratamento.   
                  Devemos compreender que ninguém fica depravado sexualmente do nada. As perversões começam em algum momento, nesta vida ou em outras vidas.  Normalmente, nos permitimos, deixamos acontecer e sutilmente vai se apoderando de nós. E como em qualquer outro vício, precisaremos de ajuda para nos reerguer. Mas quantas reencarnações difíceis, quantos sofrimentos, quantas situações amargas, estarão longe, simplesmente ao dizermos não, com todas as letras, não, a certos caminhos que nossa vontade nos induz a trilhar? A pornografia é um ambiente onde teremos que aprender a dizer não, caso o contrário lamentaremos depois. E dizer não quer dizer, dominar as energias sexuais para não ser dominado por elas. Dizer não quer dizer, afastar já no começo, as influências negativas, prevenindo obsessões de conseqüências lamentáveis.
                  Podemos fazer uma comparação entre a pornografia e um lixão.  Dificilmente entramos em um lixão sem nos sujarmos, sem nos contaminar com algo. E quanto mais para dentro formos mais sujos estaremos, até que não haverá muita diferença entre o lixo e nós. Somente um espírito bastante iluminado pode andar nas trevas sem que as trevas o envolvam. Mas este não é nosso caso, pois somos espíritos em aprendizado, frágeis em muitos aspectos.
                   Mas é bom que se diga que não devemos deixar a pornografia, somente por medo de que alguém nos veja, (2), ou por receio do assédio da espiritualidade inferior. Nós devemos nos desvencilhar do conteúdo pornográfico porque, e principalmente, não nos encontramos mais nele. Não mais nos identificamos com ele. Nossa atitude em relação ao sexo mudou em comparação ao que éramos antes (3).
                   Então, precisamos nos perguntar, não somente na pornografia, mas em qualquer outro meio em que o sexo apareça: qual o contexto na qual determinada cena se realiza? Quem são as pessoas envolvidas? Existe o mínimo de respeito entre os participantes? As pessoas estão realmente livres e conscientes do que estão fazendo ou há indícios de uso de drogas ou álcool? Há algo ilegal ou imoral acontecendo? O que a cena induz aquele que está vendo?
                  Aos poucos, o sexo vulgar que nos aprazia, se tornará cada vez mais estranho. O uso do corpo do outro, como objeto descartável, chamará cada vez menos atenção. O sexo sem amor, sem carinho, sem envolvimento, sem espontaneidade, sem comprometimento, será para nós, um sexo sem alma. Porém, este caminho evolutivo pode não ser tão fácil. O sexo animalesco, bizarro e até bestial ecoa ainda de nossa ancestralidade reencarnatória na forma de arrastamentos quase irresistíveis, quedas morais, desejos escusos, franquezas sexuais das mais diversas, falta de retidão moral e controle sobre si mesmo.  Por isto, tantos casos de pedofilia, estupros, abusos sexuais, atentados ao pudor, filhos indesejados e casamentos desfeitos. Entretanto, todos os espíritos, até os mais brutos, pela Lei do Progresso, encontrarão existências onde eles mesmos, transformados, viverão relações humanas que adquiram sentido muito mais pelo espírito do que pelo corpo. 
                    O Espiritismo não é contra o sexo, entende como perfeitamente normal o aspecto físico e intenso que ele tem. Porém, lembrará sempre ao ser humano encarnado da dimensão espiritual na qual está inserido e da qual sempre fará parte.

     
(1) No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo no capítulo XVII em O homem de bem encontramos: “O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de
amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei...”
(2) Ler questão 457 do Livro dos Espíritos: Podem os Espíritos conhecer os nossos mais secretos pensamentos? R: Muitas vezes chegam a conhecer o que desejaríeis ocultar de vós mesmos. Nem atos, nem pensamentos se lhes podem dissimular.
(3) Melhorando moralmente e combatendo nossas más inclinações estamos nos prevenindo de obsessões.

Fausto Fabiano da Silva

Bibliografia

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 67. ed. São Paulo: Ed.  Lake, 2007.
KARDEC, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo. 85. ed. Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1982.







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